domingo, dezembro 24, 2006

Relógios Despertadores

De tão comuns, os relógios despertadores quase passam despercebidos no mundo da relojoaria e do coleccionismo.

No entanto, se podemos falar em democratização do tempo, esse facto ficará a dever-se um pouco ao relógio despertador, peça utilitária fundamental no mobiliário doméstico urbano, mesmo das classes mais desfavorecidas.

Em Portugal, a fábrica de relógios “Reguladora”, de Vila Nova de Famalicão, fabricou ao longo do século XX, um variado leque de elegantes modelos deste tipo de relógio, famosos pela sua qualidade de fabrico, fiabilidade e grande precisão, compostos de uma máquina extremamente simples, encaixada em duas platinas de grande robustez, cordas de mola de hélice e sistema de alarme simples e eficaz.

Com o incremento dos relógios de quartzo, os despertadores mecânicos foram caindo em desuso e milhares estão a ser atirados ao lixo, como estes modelos “Reguladora” da nossa colecção particular, restaurados e em perfeito funcionamento.

Não deite o seu velho despertador para o lixo!

Relógio da Torre da Capela da Base Aérea Nº 1




Apesar da autêntica sangria que se tem vindo a abater sobre a nossa relojoaria monumental de torre, com largas dezenas de relógios, fabricados por relojoeiros portugueses, vendidos ao desbarato para coleccionadores, outros pura e simplesmente destruídos, ou a apodrecerem inactivos nas torres, por ignorância de uns e negligência de outros, torna-se merecedor de especial relevo o esforço de algumas instituições, na salvaguarda e preservação desse património.

É o caso da Força Aérea Portuguesa, que vem mantendo carinhosamente o relógio mecânico da torre da capela da Base Aérea Nº 1, na Granja do Marquês, em Sintra, cuja manutenção nos foi recentemente adjudicada, facto que muito nos honra.

Construído na oficina do construtor de relógios de torre, Manuel Francisco Cousinha, data da primeira metade do século XX, accionando um quadrante horário exterior e um sino, batendo horas e meias horas, .

Em perfeito estado de conservação e bom funcionamento, apresenta as características qualidades de fabrico de Manuel Francisco Cousinha: engrenagens e mecânica perfeita aliada a um cuidadoso enquadramento técnico e estético, destacando-se do conjunto o bonito quadrante horário de serviço, ostentando as marcas do construtor e diversos elementos decorativos. Também a pêndula, de grande requinte, assim como os pesos de pedra, notável trabalho de cantaria, são elementos a apreciar numa visita.

segunda-feira, outubro 30, 2006


Gustav Becker (1819-1885) foi um dos mais notáveis fabricantes de relógios de sala alemães. Da sua fábrica em Freiburg, na Silésia, saíram belos modelos accionados por cordas ou pesos. Ganhou uma medalha de ouro na exposição de 1852, tendo produzido mais de quatrocentas variedades de relógios.
O modelo da foto, propriedade da paróquia dos Milagres, que deve ter pertencido ao padre José Ferreira de Lacerda, recentemente restaurado na nossa oficina, data de 1927 e tem o número de série 22741160, sendo uma versão do modelo Væg-Ur de 1905 com haste pendular P-48.

segunda-feira, outubro 16, 2006

PARA VENDA!!! ACEITAM-SE PROPOSTAS A PARTIR DE 150€

Encerrou recentemente a fábrica de relógios "A Boa Reguladora" fundada em 1892, em Vila Nova de Famalicão, em cujas instalações, ao longo de um século, foram fabricadas magníficas peças de relojoaria pendular, com destaque para os relógios de sala, como este modelo WR 2/338/25, recentemente restaurado na nossa oficina, equipado com o último modelo de máquinas mecânicas desenvolvidas pela Reguladora.
Batendo horas, meias horas e quartos progressivos, possui três cordas de accionamento: movimento, horas e quartos, estando dotado de um carrilhão horizontal, de 5 tons, executando duas melodias: "Westminster" e "Avé Maria de Fátima". Possui os registos de origem, tendo sido comercializado pela Ourivesaria Neto, de Leiria, em 28/2/1977, por 3.550$00 com 1 ano de garantia.
O pêndulo, em metal polido, e os vidros biselados, enquadrados na elegante caixa de madeira, dão um aspecto elegante e enquadrado em qualquer ambiente interior.

domingo, julho 16, 2006

Relógio da Igreja Velha do Olival Restaurado



Com a fabricação da nova haste pendular terminámos o restauro do relógio mecânico da igreja velha do Olival. Por tratar-se de um relógio destinado apenas a exposição museológica decidimos fabricar a nova haste pendular em bronze, com mecanização convencional, tendo em vista o embelezamento e um elevado componente estético do conjunto. A haste original em madeira terá sido destruída aquando da desactivação do relógio, não sendo possível a sua recuperação. A actual respeita fielmente as medidas originais da haste de origem.


domingo, junho 18, 2006

A colecção de Relojoaria do Banco de Portugal em Livro do Doutor José Mota Tavares


Com edição do Banco de Portugal, através do seu Serviço de Edições e Publicações, foi editado no pretérito ano de 2005, um cuidado catálogo técnico e descritivo sobre a colecção de relojoaria desta ilustre instituição bancária, com a chancela técnica, investigação e coordenação do erudito Doutor José Mota Tavares, a grande – e única! - referência em Portugal no estudo, investigação e divulgação do património técnico e humano da relojoaria de torre em Portugal.
Com uma dedicação de décadas em prol da sensibilização para a salvaguarda do que resta da relojoaria de torre antiga em Portugal, este livro do nosso dedicado amigo e mestre, além da aturada visão técnica e documental, oferece uma brilhante mostra estética sobre aquela que será a mais diversificada e bem preservada colecção de relojoaria portuguesa contemporânea.

Relógio Antigo da Igreja Matriz da Marinha Grande





Remonta a 1868 a instalação do primeiro relógio na torre da igreja matriz da Marinha Grande.
Este relógio, do qual não existem dados técnicos, começou a ter problemas técnicos por 1920, o que levou á sua substituição, em 1930, por um relógio fabricado pelo relojoeiro José Pereira Cardina, da Nazaré, adquirido por subscrição pública e auxílio da Câmara Municipal, através de um subsídio canalizado pela Junta de Freguesia da Marinha Grande, no valor de mil escudos.
Pelas suas características, trata-se seguramente de uma das primeiras máquinas fabricados por este construtor de relógios de torre, natural do Juncal, Porto de Mós, com oficina na Nazaré, cuja biografia, de autoria do investigador Doutor José Mota Tavares, será brevemente publicada.
Tem a particularidade de possuir um escape de Graham, com paletes de afinação e haste do pêndulo em ferro, ao estilo dos primeiros relógios fabricados pelo Cardina.
Encontra-se na nossa oficina para futuro restauro, podendo ser visitado e colocado a funcionar.

Relógio da Torre da Igreja Velha do Olival



Em fase final de restauro na nossa oficina, o relógio da Igreja Velha do Olival é um magnífico exemplar da relojoaria francesa de Amorez/Jura, fabricado na oficina de Delphin Odobey.
Tratando-se de uma máquina tecnicamente evoluída, com escape de cavilha, está preparado para dar horas, com repetição, e quartos progressivos, sistema ding-dang, accionando dois sinos.
Existe alguma indefinição na sua data de fabrico.
O mostrador de serviço, esmaltado, é do relojoeiro português José Pereira Cardina.
Tem quase todos os componentes marcados com o número 1941, eventual ano de fabrico, contudo, as paletes do escape apresentam uma gravação com a data de 1905, existindo duas hipóteses para a sua datação: ou a máquina é de 1905 e terá sido restaurada em 1941 por José Pereira Cardina, o que não parece provável, pois a maioria dos componentes é de origem, ou foi importado em 1941 e, talvez por qualquer acidente, o escape original tenha sido substituído por outro mais antigo, de 1905.De realçar os belos relevos laterais da estrutura, em ferro fundido, apresentando figuras angélicas e motivos vegetalistas.

sábado, junho 10, 2006

Restauro do Relógio de Sol da Torre da Igreja Matriz de Ançã Finalizado

Procedemos hoje à colocação do novo gnómon, ou estilete, no relógio de sol da torre da igreja de Ançã.

Decidimos fabricar o novo estilete em linhas direitas, puramente clássicas, com geometria perfeita, num forte estilo contemporâneo, de leitura simples, criando um hiato temporal entre o medieval original e o novel elemento.

Seleccionámos o bronze como matéria prima, pela sua nobreza e longevidade.

Construído em duas peças, o estilete, triangular, cujos catetos medem 108 mm, está assente sobre uma base com 175 mm de alto, por 80mm de largura e 10 mm de espessura, na qual foi efectuado um rasgo perpendicular central, em cujo leito assenta o estilete, cruzado no seu ponto médio superior por um outro rasgo, transversal, formando uma cruz.

Quisemos assim imprimir a esta peça toda a carga simbólica do cristianismo, a cruz enquanto sinal e referência por excelência de encontro de culturas e civilizações, caminhos de fé milenares, acompanhando o sol no seu movimento aparente de Oriente para Ocidente.

sábado, junho 03, 2006

Restauro do Gnómon do Relógio de Sol da Igreja Matriz de Ançã.

Inserido no restauro da máquina de relojoaria monumental da torre da Igreja matriz de Ançã, estamos igualmente a proceder à fabricação de um novo gnómon, ou estilete, para o antiquíssimo relógio de sol, existente na parede Sul da torre.

Fabricado numa peça única de pedra de Ançã, medindo 78 centímetros de largura e 76 de alto, com a graduação do quadrante em numeração árabe, encontra-se em excelente estado de conservação, instalado no topo do primeiro e original piso da torre, em arquitectura mudéjar, conforme recentes obras de beneficiação puseram a descoberto, podendo actualmente admirar-se o elegante tecto, com abóbada de tijolinha, bem ao estilo mourisco.

No orifício de encaixe do estilete, foram encontrados os restos do chumbo que serviu para fixar o anterior gnómon, sinal seguro da sua grande antiguidade.

De fundação muito antiga, a original torre poderá estar associada a uma primitiva estratégia defensiva. Na parede poente, ao mesmo nível do relógio de sol, existe o quadrante que terá pertencido ao primitivo relógio mecânico de Ançã.