domingo, junho 18, 2006

A colecção de Relojoaria do Banco de Portugal em Livro do Doutor José Mota Tavares


Com edição do Banco de Portugal, através do seu Serviço de Edições e Publicações, foi editado no pretérito ano de 2005, um cuidado catálogo técnico e descritivo sobre a colecção de relojoaria desta ilustre instituição bancária, com a chancela técnica, investigação e coordenação do erudito Doutor José Mota Tavares, a grande – e única! - referência em Portugal no estudo, investigação e divulgação do património técnico e humano da relojoaria de torre em Portugal.
Com uma dedicação de décadas em prol da sensibilização para a salvaguarda do que resta da relojoaria de torre antiga em Portugal, este livro do nosso dedicado amigo e mestre, além da aturada visão técnica e documental, oferece uma brilhante mostra estética sobre aquela que será a mais diversificada e bem preservada colecção de relojoaria portuguesa contemporânea.

Relógio Antigo da Igreja Matriz da Marinha Grande





Remonta a 1868 a instalação do primeiro relógio na torre da igreja matriz da Marinha Grande.
Este relógio, do qual não existem dados técnicos, começou a ter problemas técnicos por 1920, o que levou á sua substituição, em 1930, por um relógio fabricado pelo relojoeiro José Pereira Cardina, da Nazaré, adquirido por subscrição pública e auxílio da Câmara Municipal, através de um subsídio canalizado pela Junta de Freguesia da Marinha Grande, no valor de mil escudos.
Pelas suas características, trata-se seguramente de uma das primeiras máquinas fabricados por este construtor de relógios de torre, natural do Juncal, Porto de Mós, com oficina na Nazaré, cuja biografia, de autoria do investigador Doutor José Mota Tavares, será brevemente publicada.
Tem a particularidade de possuir um escape de Graham, com paletes de afinação e haste do pêndulo em ferro, ao estilo dos primeiros relógios fabricados pelo Cardina.
Encontra-se na nossa oficina para futuro restauro, podendo ser visitado e colocado a funcionar.

Relógio da Torre da Igreja Velha do Olival



Em fase final de restauro na nossa oficina, o relógio da Igreja Velha do Olival é um magnífico exemplar da relojoaria francesa de Amorez/Jura, fabricado na oficina de Delphin Odobey.
Tratando-se de uma máquina tecnicamente evoluída, com escape de cavilha, está preparado para dar horas, com repetição, e quartos progressivos, sistema ding-dang, accionando dois sinos.
Existe alguma indefinição na sua data de fabrico.
O mostrador de serviço, esmaltado, é do relojoeiro português José Pereira Cardina.
Tem quase todos os componentes marcados com o número 1941, eventual ano de fabrico, contudo, as paletes do escape apresentam uma gravação com a data de 1905, existindo duas hipóteses para a sua datação: ou a máquina é de 1905 e terá sido restaurada em 1941 por José Pereira Cardina, o que não parece provável, pois a maioria dos componentes é de origem, ou foi importado em 1941 e, talvez por qualquer acidente, o escape original tenha sido substituído por outro mais antigo, de 1905.De realçar os belos relevos laterais da estrutura, em ferro fundido, apresentando figuras angélicas e motivos vegetalistas.

sábado, junho 10, 2006

Restauro do Relógio de Sol da Torre da Igreja Matriz de Ançã Finalizado

Procedemos hoje à colocação do novo gnómon, ou estilete, no relógio de sol da torre da igreja de Ançã.

Decidimos fabricar o novo estilete em linhas direitas, puramente clássicas, com geometria perfeita, num forte estilo contemporâneo, de leitura simples, criando um hiato temporal entre o medieval original e o novel elemento.

Seleccionámos o bronze como matéria prima, pela sua nobreza e longevidade.

Construído em duas peças, o estilete, triangular, cujos catetos medem 108 mm, está assente sobre uma base com 175 mm de alto, por 80mm de largura e 10 mm de espessura, na qual foi efectuado um rasgo perpendicular central, em cujo leito assenta o estilete, cruzado no seu ponto médio superior por um outro rasgo, transversal, formando uma cruz.

Quisemos assim imprimir a esta peça toda a carga simbólica do cristianismo, a cruz enquanto sinal e referência por excelência de encontro de culturas e civilizações, caminhos de fé milenares, acompanhando o sol no seu movimento aparente de Oriente para Ocidente.

sábado, junho 03, 2006

Restauro do Gnómon do Relógio de Sol da Igreja Matriz de Ançã.

Inserido no restauro da máquina de relojoaria monumental da torre da Igreja matriz de Ançã, estamos igualmente a proceder à fabricação de um novo gnómon, ou estilete, para o antiquíssimo relógio de sol, existente na parede Sul da torre.

Fabricado numa peça única de pedra de Ançã, medindo 78 centímetros de largura e 76 de alto, com a graduação do quadrante em numeração árabe, encontra-se em excelente estado de conservação, instalado no topo do primeiro e original piso da torre, em arquitectura mudéjar, conforme recentes obras de beneficiação puseram a descoberto, podendo actualmente admirar-se o elegante tecto, com abóbada de tijolinha, bem ao estilo mourisco.

No orifício de encaixe do estilete, foram encontrados os restos do chumbo que serviu para fixar o anterior gnómon, sinal seguro da sua grande antiguidade.

De fundação muito antiga, a original torre poderá estar associada a uma primitiva estratégia defensiva. Na parede poente, ao mesmo nível do relógio de sol, existe o quadrante que terá pertencido ao primitivo relógio mecânico de Ançã.